Você já teve esta sensação de que a sua mente estava te sabotando? Que por mais que você quisesse, por mais que se esforçasse para fazer diferente ou ter um comportamento diferente, parecia que algo te mantinha preso na condição em que estava?
Muitas vezes, queremos mudar, queremos ter novos hábitos, agir de forma diferente, mas não conseguimos.
Parece maior do que nós.
Mas, afinal, o que nos impede de realizar o que queremos? Ter os hábitos que desejamos? Fazer o que programamos? Expressar o nosso melhor?
Existem dois aspectos que nos fazem reagir de forma automática e movidos pelos registros e experiências gravados em nosso inconsciente, que são as nossas emoções e nossas crenças. Então, dependendo da qualidade destas, vamos muitas vezes “trabalhar” contra nós.
Mas como é isso?
Nós somos um sistema mente-corpo-emoção, não é separado. Como um sistema conectado, as emoções que sentimos influenciam nossos pensamentos, nossos comportamentos e decisões que tomamos.
Assim como os nossos pensamentos geram a qualidade das emoções que sentimos, nosso corpo vai reagir segundo a qualidade destes pensamentos e emoções.
Porém não é somente isso, porque as crenças que temos estarão no pano de fundo das nossas emoções, pensamentos e comportamentos.
Aqui não estamos falando de crenças religiosas, mas de crenças que temos sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre fatos e situações, e sobre nós mesmos.
Crenças são generalizações que criamos; se tornam nossos princípios operacionais, e então agimos como se fossem verdades e são verdades para nós.
Temos crenças possibilitadoras que nos empoderam, nos impulsionam, dão um colorido especial à nossa vida.
Ex. Eu sou vitoriosa (crença de identidade); tudo que vem, vem para o bem (crença sobre fatos); todo evento tem um aprendizado; as pessoas sempre fazem o melhor (crenças sobre pessoas).
Também temos crenças limitantes, que nos bloqueiam, nos colocam para baixo e impedem que expressemos o nosso pleno potencial; que são experimentadas por nós como algo pesado, sem vida, muitas nos imobilizam.
Ex. Não vou conseguir; só faço besteira; sou estúpido; sou uma desastrada; eu sou burro; incapaz, fraco, desorganizado, etc.
E podemos tornar tudo isso verdade, porque as crenças funcionam como um comando para nosso sistema nervoso.
Nossas crenças vão ficando tão enraizadas dentro de nós, que tendemos a defender mentalmente e a buscar provas de que estamos certos, de que é verdade. Até mesmo inconscientemente.
E mesmo que a crença seja limitante, às vezes ficamos apegados a elas, e quando alguém vem falar algo ao contrário, reagimos internamente. Podemos até ficar com raiva da outra pessoa. Observe que quando tentamos convencer alguém do contrário, a pessoa tende a reagir e ficar ainda mais apegada a sua crença.
Ex. Um empregado que acredita que toda empresa somente explora e que todo ambiente sempre é ruim para as pessoas e você tenta falar que as empresas estão cada vez melhores, oferecendo ótimas condições, bons ambientes. Ele vai reagir e buscar provas do contrário como exemplos, e além de reagir, fortalecer a própria crença.
Como surgem as crenças? A maioria das crenças nascem a partir de um pensamento, que aceitamos como verdade e trazemos para dentro de nós, então dizendo sim para pensamentos, idéias, podemos transformá-los em uma crença.
E porque fazemos isso?
Fazemos isso por diversas razões, entre elas, porque acreditamos na pessoa que está falando; ou porque eu vi na televisão; porque li num livro etc.
De forma geral, é porque damos crédito à fonte da informação.
Quando crianças, ouvimos o pai e a mãe afirmarem coisas sobre nós, exemplo: “você é um desastrado”, “você é inteligente”, e podemos tornar essas afirmações em crenças. A influência destas crenças infantis vai reverberar por toda a vida. Influenciando a nossa auto estima, nossos comportamentos e quem nos tornamos.
Outro aspecto interessante, quando adultos, é que tendemos a dizer que “escolhemos” que tomamos decisões baseados em análises e no que queremos para nossa vida. Porém segundo a neurociência, apenas 5% das nossas decisões são tomadas racionalmente, através da nossa mente consciente.
A maior parte, 95% de nossas decisões são tomadas pela mente inconsciente.
Mente consciente é a nossa parte racional, abrange o neocórtex;
A mente inconsciente, o sistema límbico, onde estão os registros de nossas emoções, de nossas crenças.
Em nossa mente inconsciente, estão gravadas as emoções das experiências vividas. Funciona de forma automática. E segundo os neurocientistas, o nosso inconsciente processa as informações 1 milhão de vezes mais rápido do que a mente consciente.
A mente inconsciente acessa as informações de forma instantânea. Veja, quando estamos dirigindo e precisamos fazer uma manobra de repente, não pensamos, simplesmente agimos. O corpo reage por reflexo, muitas vezes, nem acreditamos que conseguimos fazer aquela manobra.
Crenças e emoções fazem o nosso corpo reagir de forma rápida e automática. O corpo simplesmente expressa através da fisiologia as emoções que está sentindo e as crenças que fazem parte do seu sistema, que aqui podemos comparar como um sistema de computador. Apenas executa segundo o programa que tem gravado.
Este é um ponto muito importante, porque as emoções ditas negativas e as crenças limitantes ficam gravadas , impregnadas no sistema límbico, e são elas que vão dar origem aos nossos comportamentos sabotadores.
Enquanto que as crenças e emoções positivas geram comportamentos construtivos, que nos empoderam, nos alavancam, e vão influenciar a qualidade de nossa vida.
O que são as emoções?
As emoções são a diferença entre nossas expectativas e o que acontece.
Se o que acontece é menor, menos do que esperávamos, tendemos a sentir uma emoção dita negativa, tipo frustração, decepção, tristeza etc.
Se o que acontece é maior do que esperávamos, tendemos a sentir uma emoção positiva, alegria, entusiasmo.
Não existem emoções negativas!
As emoções são apenas a expressão dos nossos significados, uma sinalização da diferença que existe entre nossas expectativas e a realidade.
Sentimos as emoções em virtude dos significados que atribuímos.
Por exemplo: imagine que você está no meio de uma reunião e alguém entra insultando você ou outra pessoa. Imediatamente o seu corpo vai expressar e reagir segundo o significado que você atribui àquele comportamento.
Talvez você reaja insultando também ou agredindo, talvez tenha pensamentos do tipo: “Que pessoa desrespeitosa”, ou outro qualquer.
Se para você aquele comportamento da pessoa tiver outro significado, por exemplo, você pensar que aquela pessoa está desequilibrada, precisando de ajuda, a sua resposta será diferente.
O ser humano, através de sua mente auto-reflexiva, consegue atribuir significados aos eventos e experiências vivenciadas na sua vida.
A cada significado atribuído, através do que pensamos e sentimos, trazemos para nosso sistema mente-corpo-emoção um colorido, uma cadeia de características que dão origem aos seus meta-estados.
“É possível mudar crenças? É possível mudar significados?”
E a resposta para estas perguntas é sim, podemos mudar o que quisermos. Basta para isso tomarmos consciência de como estamos pensando, acreditando e os significados que estamos atribuindo.
Conhecer nossas crenças e os significados atribuídos nas diversas áreas da vida, nos proporciona um novo olhar para a forma como criamos a nossa realidade, com nossos pensamentos, emoções e valores e como cada um deles impacta a qualidade de nossa vida.
Então, quando tomamos consciência de que nós somos os criadores dos significados e que nossa vida tem o colorido que nós atribuímos a cada momento, através dos significados que damos a cada evento de nossa vida e a nós mesmos.
Da mesma forma como atribuímos significados desempoderadores, podemos atribuir novos significados adequados às situações.
Significados que conferem valor e grandeza ao que é valoroso.
Se temos crenças limitantes, que foram aprendidas, da mesma forma podemos aprender novas crenças, substituindo por crenças que nos favoreçam alcançar o que quisermos.
E, como acreditamos, construímos nosso sentido e sentimento de realidade. E isso acontece porque uma crença é um comando para nosso sistema nervoso. Aquilo em que acreditamos dá ordens para nosso sistema mente-corpo-emoção torná-lo real.
O filósofo Jean-Paul Sartre disse a respeito do homem e seu destino:
“o essencial não é aquilo que se fez do homem, mas aquilo que ele fez daquilo que fizeram dele”.
Assim como Sartre, acredito que o ser humano é o agente de sua vida, construtor de sua realidade, independente da condição que tenha recebido, pode transformar seu mundo naquilo que deseja.
Beatriz Bruehmueller
Psicóloga, Coach e Trainer em PNL e Neuro-Semântica
Abril/2016
Referências:
Liberte-se – Estratégias de Autorrealização, Michael Hall, Ed. Qualitymark
Autoliderança – Acessando o Gênio Pessoal, Michael Hall. Curso.
A Biologia da Crença, Bruce H. Lipton, Ed. Butterfly.